O argentino Jorge Mario Bergoglio foi o 226º papa da história da Igreja Católica e o primeiro pontífice não europeu em 1.200 anos
Foto: FILIPPO MONTEFORTE/AFPPUBLICIDADE
Por Beatriz Irineu e Clarice Sousa / Diário do Nordeste
Morreu, às 2h35 da madrugada desta segunda-feira (21), pelo horário de
Brasília, o papa Francisco, aos 88 anos. O
anúncio foi dado diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.
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"Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa
do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua
Igreja", iniciou comunicado, informando o horário da capital italiana.
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Ainda
segundo anúncio do Vaticano, Francisco atuou com os valores do Evangelho
"com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais
pobres e marginalizados".
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Papa Francisco passou mais de cinco semanas no Hospital Gemelli, em Roma, para o tratamento da pneumonia nos dois pulmões.
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"Com imensa gratidão
por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma
do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino", diz
texto divulgado pelo Vaticano.
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ÚLTIMA
APARIÇÃO
No domingo de Páscoa (20), o pontífice fez a última aparição pública, na sacada da Basílica de São Pedro, para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi.
Durante o
evento, o papa aproveitou para reiterar seu apelo pelo cessar-fogo imediato em
Gaza. Por conta da saúde do pontífice, a mensagem em prol do fim da guerra foi
lida por um assessor. No texto, o papa chamou a situação em Gaza de
"dramática e deplorável". O documento também pede ao grupo militante
palestino Hamas que liberte os reféns restantes e condenou o que chamou de
"tendência preocupante" de antissemitismo no mundo.
"Expresso
minha proximidade aos sofrimentos de todo o povo israelense e do povo
palestino", destacou, na mensagem. "Faço um apelo às partes em
conflito: declarem um cessar-fogo, libertem os reféns e venham ajudar um povo
faminto que aspira a um futuro de paz", completou.
QUEM
FOI PAPA FRANCISCO
Jorge Mario Bergoglio
nasceu em 1936, no bairro Flores, em Buenos Aires, Argentina. Foi o 226º papa
da história da Igreja Católica e o primeiro pontífice não europeu em 1.200
anos, além de ser o primeiro papa vindo da América Latina.
Os
avós, imigrantes italianos, chegaram à Argentina em 1927 com seus seis filhos,
incluindo Mario, o pai do futuro papa. Mario José Bergoglio trabalhava como
contador na ferrovia, enquanto sua mãe, Regina Sivori, era dona de casa e
responsável pela educação dos cinco filhos.
A influência religiosa de
Jorge veio principalmente de sua avó paterna, presença constante em sua
infância. Aos 15 anos, ele já ajudava a preparar colegas para a Primeira
Comunhão. No entanto, a vocação para o sacerdócio surgiu aos 17 anos, após
concluir um curso técnico em química em 1957.
FORMAÇÃO E INÍCIO DA VIDA RELIGIOSA
Optando pelo caminho do
sacerdócio, ingressou no seminário diocesano de Villa Devoto e, em 1958, entrou
para o noviciado da Companhia de Jesus. Nesse período, contraiu uma grave
doença respiratória e precisou remover parte do pulmão.
Após
completar os estudos humanísticos no Chile, voltou à Argentina e, em 1963,
obteve a licenciatura em Filosofia no Colégio São José, em San Miguel. Entre
1964 e 1966, foi professor de Literatura e Psicologia em colégios católicos. Em
seguida, estudou Teologia e se licenciou na mesma instituição.
Em 13 de dezembro de 1969,
foi ordenado sacerdote pelo arcebispo Dom Ramón José Castellano. Nos anos
seguintes, aprofundou sua formação na Espanha e, em 1973, fez a profissão
perpétua na Companhia de Jesus. Ainda em 1973, tornou-se provincial dos
jesuítas na Argentina, cargo que ocupou por seis anos.
ASCENSÃO NA IGREJA
Em 1986, Bergoglio passou
alguns meses na Alemanha para finalizar sua tese de doutorado. Já em 1992, foi
nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e, em 1998, tornou-se arcebispo primaz
da Argentina.
Como
arcebispo, destacou-se pelo trabalho pastoral voltado para as comunidades
pobres, denunciando injustiças sociais e econômicas. Morava sozinho em um
apartamento simples, com uma rotina disciplinada que começava às 4h30 e
terminava às 21h.
Em 2001, foi nomeado
cardeal pelo papa João Paulo II. Seis anos depois, esteve no Brasil para a 5ª
Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida,
durante a visita do papa Bento XVI.
ELEIÇÃO AO PAPADO
Após a morte de João Paulo II, em 2005,
Bergoglio foi o segundo mais votado no conclave, ficando atrás apenas de Joseph
Ratzinger, que assumiu como Bento XVI.
Com a renúncia de Bento XVI
em 28 de fevereiro de 2013, iniciou-se o processo para a escolha do novo
pontífice. Em 13 de março daquele ano, após cinco votações, Bergoglio foi
eleito papa e apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para saudar os fiéis.
O SIGNIFICADO DO NOME FRANCISCO
Ao escolher o nome
Francisco, o novo papa homenageou São Francisco de Assis, destacando sua
simplicidade e compromisso com os pobres.
Primeiro
papa latino-americano, primeiro jesuíta a ocupar o cargo e o primeiro a adotar
esse nome, Francisco rejeitou o luxo do Palácio Apostólico e optou por viver na
Casa Santa Marta, reafirmando seu compromisso com a humildade e a justiça
social.
Ainda em 2013, participou
da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, evento que reuniu mais de um
milhão de jovens.
O PAPA DAS CANONIZAÇÕES
Durante o pontificado,
Francisco se tornou o maior canonizador da história da Igreja Católica, com
mais de 900 canonizações e mais de 1.000 beatificações. Para efeito de
comparação, Bento XVI canonizou 45 santos e beatificou 371 em quase oito anos
de pontificado.
Além
disso, Francisco realizou diversas viagens missionárias, visitando países ao
redor do mundo, incluindo o Brasil. Produziu centenas de discursos, cinco
exortações apostólicas, três encíclicas, além de constituições apostólicas,
cartas e mensagens.
Na geopolítica, Francisco
foi peça-chave na retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados
Unidos, rompidas desde 1961 e restauradas em 2014. O pontífice intermediou
conversas entre os dois governos por 18 meses.
Outro grande legado de seu pontificado é a valorização da sinodalidade, enfatizando a participação ativa dos fiéis na vida da Igreja.
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